O objetivo deste paper é investigar, com base na literatura, os impactos econômicos frente as possíveis estratégias de internacionalização de empresas diante de um cenário global. Ao longo dos últimos 14 anos, as empresas brasileiras iniciaram seu processo de internacionalização e muitas outras que já eram multinacionais aumentaram seus investimentos no mercado internacional, muito se deve pelas oportunidades de negócios alavancadas pela revolução industrial 4.0. No entanto os riscos envolvidos nestas atividades comerciais devem ser considerados no seu espectro político, econômico e social, estamos acompanhando neste momento o conflito armado entre dois países, Rússia e Ucrânia, que pode afetar diretamente países em desenvolvimento comprometidos com acordos bilaterais, ou que fazem parte de blocos econômicos como Mercosul, União Europeia entre outros. No mesmo diapasão o governo brasileiro fomenta a atração de Investimento Estrangeiro Direto (IED) bem como auxilia pequenas e médias empresas a exportarem, seja através de cursos, feiras e exposições, portal de serviços, além de Câmaras de Comercio Exterior que também prestam auxílio a empresários que querem receber não apenas aportes financeiros de empresas estrangeiras, mas também transferência de tecnologia. Com tantos fatores envolvidos se faz imperativo que as empresas pensem de forma estratégica em como se inserir em um mercado tão competitivo.
Introdução
O comércio internacional sempre foi um desafio para pequenas, médias e grandes empresas desde quando os povos nômades percorriam grandes distâncias, sejam por terra ou por mar, a fim de vender ou trocar produtos entre diferentes nações, e após a criação da moeda cunhada, as relações comerciais entre os povos passaram a ter outro significado, trouxeram riquezas e tecnologias para essas nações, que ficaram cada vez mais fortalecidas economicamente.
Muitos autores e pesquisadores mostram que qualquer empresa seja qual for o seu porte pode entrar no mercado internacional por meio da internacionalização, porém quando aprofundamos nossos conhecimentos neste assunto percebemos que existem algumas estratégias que podem ser adotadas, observando-se alguns aspectos importantes, como a cultura, os hábitos de consumo, a geografia, legislação local, entre outros, destacando-se a importância de se desenvolver uma inteligência comercial para negociar com esses países e identificar através de informações e indicadores de mercado, a resposta para se tornar mais competitivo.
Cândido e Lima (2010), analisaram a relação entre o comércio exterior e o crescimento econômico para 8 países do leste asiático por meio da análise em painel entre 1995 e 2005. Os resultados apontaram que, o comércio internacional desempenhou papel significativo e positivo no crescimento dos países asiáticos considerados na amostra.
As oportunidade de negócios tornam-se exponenciais quando se pensa em mercado internacional, um pequeno produtor no interior do país pode ter um potencial comprador em algum lugar do mundo, considerando que atualmente a logística de entrega está mais acessível para as pequenas empresas, haja vista o volume de produtos chineses que chegam ao Brasil através de portais de venda na web, onde os clientes atacadistas podem comprar de forma virtual e revender inclusive para outros países, com sistemas integrados que já calculam os impostos e taxas, com conversão de moeda local.
Neste cenário, com o advento da globalização as empresas sentiram a necessidade de se internacionalizar, segundo Maia (2003) a internacionalização é o processo crescente e continuado de envolvimento de uma empresa nas operações com outros países fora de sua base de origem.
Este paper se justifica pela relevância deste assunto cada vez mais debatido devido aos seus impactos econômicos nos países de livre comércio, e tem por objetivo evidenciar a importância do uso de estratégias na hora decidir pela internacionalização, com base no uso de inteligência comercial sob a análise do cenário econômico global considerando suas oportunidades e ameaças.
Metodologia: Compreender as características das estratégias dos negócios internacionais a partir da identificação de padrões apresentados na literatura foi base dessa pesquisa que utilizou uma abordagem qualitativa e exploratória, não obstante este paper não tem por finalidade aprofundar o assunto, mas trazer luz de forma clara e objetiva as estratégias que podem ser adotadas nos negócios internacionais.
Desenvolvimento
Com a globalização os países em desenvolvimento encontraram a oportunidade de expandir seus negócios, aumentando consequentemente a sua capacidade de produção, gerando mais empregos e renda para o país, isso influencia diretamente receita do país e na balança comercial, economicamente pode transformar uma crise econômica de um país na oportunidade de negócios em outro, não obstante existem fronteiras que precisam ser estudadas antes de se aventurar neste mercado internacional, seja na exportação ou na internacionalização de empresas, levando a marca da empresa nacional para outros países.
Para Minervini (2008) a capacidade exportadora é aquela de acordo com a qual a empresa tem que adequar-se às variáveis do mercado internacional, realizando internamente uma série de alterações, seja na área de recursos humanos, projeto, produtividade, comunicação ou gestão.
Três são os fatores preponderantes na determinação do avanço do processo de internacionalização e inserção externa das empresas brasileiras no período recente de acordo com Hiratuka e Sarti (2011): i) A melhoria significativa nas condições financeiras das empresas nacionais (aumento do retorno do capital do próprio e diminuição do grau de endividamento); ii) a valorização da moeda nacional que facilitou a aquisição de empresas no exterior e, por fim, iii) a política de apoio do governo brasileiro através das políticas industriais e de operações de empréstimo e capitalização feitas pelo BNDES.
A partir dos anos 2000 o governo brasileiro vem aumentando os esforços no processo de internacionalização de empresas, tendo em vista a participação de empresas brasileiras no mercado internacional, a formação de parcerias estratégicas que podem trazer para empresas nacionais o conhecimento e novas tecnologias, além de diluir os riscos, reforçando neste sentido a necessidade de se ter em mente um plano de internacionalização.
Nesses termos, conforma-se uma realidade econômica que, pautada pela lógica da competição internacional, tornou a interdependência entre empresas e governos mais evidente, compelindo estes atores a requalificar as suas relações e interações a partir da constatação de que seus desempenhos estão consideravelmente vinculados (PORTER, 1986; 1989; DUNNING, 1997) e mediados por interesses mútuos. Nesta linha de raciocínio, Castells (1999) e Dicken (2010) defendem que os governos devem incorporar a função de formular e levar a cabo políticas para promover o desempenho de empresas em suas economias, desenvolvendo estratégias em nome de seu empresariado. Pois, como argumentou Porter (1989), tomadas as empresas como as verdadeiras unidades dinamizadoras das economias, a robustez do crescimento nacional passa necessariamente pela capacidade de o Estado catalisar e induzir a competitividade dos empreendimentos presentes em seu território, particularmente a construção de ambiente e condições favoráveis à internacionalização, como destacaram Vietor (2007) e Dunning (1997)
Nesse cenário, as exportações vêm se destacando como importante ferramenta para a manutenção da integridade das empresas. Como afirma Amarildo Nogueira (2018), as exportações permitem que as empresas não fiquem completamente restringidas ao crescimento da economia de seu país de origem; ao se lançarem no mercado externo, melhoram seu desempenho tanto no mercado internacional, quanto no nacional. É nesse contexto que a logística internacional se faz imprescindível.
Como se observa, o papel do Estado está diretamente ligado as atividades das empresas no tocante ao desenvolvimento do comércio exterior, bem como ao processo de internacionalização das empresas, no entanto o papel do profissional ligado a esta atividade é fator determinante para o sucesso, tanto para profissionais do setor público quanto do setor privado.
Neste sentido o perfil profissional e as competências devem ser desenvolvidos diante de um cenário global cada vez mais competitivo e tecnológico, acompanhar os desafios e identificar as barreiras para a internacionalização de forma a viabilizar o planejamento estratégico de cada organização.
De acordo com Carbone et al (2005) o termo competência passou a ser integrado à linguagem organizacional no início do século passado, como uma particularidade do profissional que o qualifica como uma pessoa capaz de desempenhar um determinado papel eficientemente.
A força das comunicações e o crescimento da complexidade das questões mundiais ampliaram a busca por profissionais capazes de analisar e agir no dinâmico cenário mundial. (RESENDE, 2000) Ainda de acordo com Resende (2000) para uma satisfação profissional dos colaboradores de comércio exterior, eles devem estar rodeados de bons conhecimentos e torna-se necessário a análise de suas habilidades e competências, para que atinjam as expectativas das empresas.
Em resumo, este paper argumenta e propõe que políticas governamentais podem ser uma variável importante no processo de internacionalização de empresas, dessa forma as empresas podem ter um potencial fator de vantagem, e servir de diferencial competitivo, reforçando as alianças comerciais entre países.
Conclusão
Neste paper, analisou-se as estratégias internacionalização e os impactos econômicos em um cenário global, evidenciando que a partir das oportunidades identificadas através do uso da inteligência comercial as empresas podem escolher de forma estratégica qual caminho deve ser tomado considerando as políticas públicas de cada país, tornando-se cada vez mais competitiva. A busca do mercado internacional traz para as empresas a oportunidade de descobrir novos mercados e expandir seus negócios de forma mais eficiente e segura, minimizando riscos com a internacionalização através de parcerias com empresas multinacionais. Assim, quanto mais empresas se internacionalizam maior a participação do mercado nacional no cenário global, e maiores as possibilidades de desenvolvimento econômico, principalmente para mercados emergentes como é o caso do Brasil. Diante deste cenário global as empresas que usam a inteligência comercial de forma estratégica devem observar também a necessidade de qualificar seu corpo técnico garantindo competências e habilidades, de modo a quebrar as barreiras geográficas e culturais, entender as legislações de cada país, suas tributações e consequentemente o idioma. Muitos são os desafios para entrar no mercado global, começar pelo planejamento da internacionalização, reconhecer as oportunidades e ameaças do ambiente externo, atrair Investimento Direto Estrangeiro (IDE), absorver novas tecnologias, saber calcular taxas e impostos, são os principais passos para garantir o sucesso no mercado internacional. É importante entender que grande parte das empresas que passam pelo processo de internacionalização estão em constante aprendizado, mas gestores com mentalidade empreendedora podem descobrir no mercado internacional oportunidades comerciais não vislumbradas ainda no seu país de origem. Por fim, as empresas que pretendem iniciar um processo de internacionalização precisam estar preparadas para enfrentar desafios, ter um corpo técnico profissional qualificado e de forma estratégica estar alinhada com as políticas e programas de incentivos governamentais, terão mais chances de se destacar em um mercado global cada vez mais competitivo.
Referências Bibliográficas CANDIDO, M.S.; LIMA, F.G. Crescimento econômico e comércio exterior: teoria e evidências para algumas economias asiáticas. Revista de Economia Contemporânea, v.14, n.2, 2010. MAIA, J. M. Economia internacional e comercio exterior. 8. Ed. São Paulo; Atlas, 2003. MINERVINI, N. O exportador: ferramentas para atuar com sucesso no mercado internacional. 5.ed. São Paulo: Parson Prentice Hall, 2008. HIRATUKA, C.; SARTI F. Investimento direto e internacionalização de empresas brasileiras no período recente, IPEA- Texto para discussão 1610, Brasília, 2011. NOGUEIRA, Amarildo de Souza. Logística empresarial: um guia prático de operações logísticas. Atlas, 2018. PORTER, M. E. A vantagem competitiva das nações. 14. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1989. PORTER, M. E. Introduction and summary. In: PORTER, M. E. (Ed.). Competition in global industries. Boston, MA: Harvard Business School Press, 1986. 1-14 p. DUNNING, J. H. Business analytic approach to governments and globalization. In: DUNNING, J. H. (Ed.). Governments, globalization, and international business. Oxford: Oxford University Press, 1997. 114-131 p. CASTELLS, M. A sociedade em rede. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. DICKEN, P. Mudança global: mapeando as novas fronteiras da economia mundial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. VIETOR, R. H. K. How countries compete: strategy, structure, and government in the global economy. Boston, MA: HBS Press, 2007. RESENDE, Enio. O livro das competências. São Paulo: Qualimark, 2000. CARBONE, P. P.; BRANDÃO, H. P.; LEITE, J. B. D. Gestão por competências e gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
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